sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O que é psicoterapia?

Longe de mim definir, mas a primeira consulta é sempre muito difícil para o paciente e não sei se haveria como ser diferente!
Mesmo que a terapia não seja novidade, existem inseguranças, dúvidas e, de certa forma, desejo de não estar ali.

- De que forma posso te ajudar? Quase sempre é assim que começo uma entrevista inicial.
Algumas pessoas são mais objetivas, outras difusas, algumas preferem contar parte de sua infância pois, acreditam que, desta forma, entenderei melhor suas dificuldades no presente.
De fato, estão confusas em relação à terapia. Estão sentadas a minha frente com um misto de esperança e descrença, afinal, têm dúvidas quanto à eficácia da terapia mas o sofrimento emocional é forte e qualquer alívio é bem vindo.

- Eu ficava deitada, só falando... falando... Cansei de pagar por isso, dizia Valéria. Não acho justo alguém com sofrimento psíquico ficar 50 minutos fazendo associações livres e não ter alívio de suas dores emocionais! (mal sabe ela que ouço essa queixa com frequencia mas, não entendo porque não dizem isso aos profissionais ouvintes?)

- Para mim, terapia é mudança, respondi. Entendo como um processo de reestruturação do pensamento que visa a ter como efeito a alteração dos sentimentos e emoções no sentido de diminuir sofrimento e aumentar tranqüilidade. Deixemos de lado a imagem do psicólogo silente, ouvinte e interpretador da mente inconsciente.

Deve ser o psicólogo, aquele profissional que entende suas emoções, seus medos, dúvidas e angústias e lhe ensina a ser diferente, faz isso com ética, acolhimento, bom humor e criatividade.
Normalmente, na segunda ou terceira sessão, os efeitos do trabalho já são perceptíveis e o paciente, que antes estava receoso e pouco confiante, começa a se sentir à vontade no consultório. Com terapia breve, ou melhor, estratégica, em poucas semanas a queixa se dissolve e é comum que outras questões comecem a aparecer. Não é raro acontecer de pacientes rejeitarem a alta porque desejam elaborar outros aspectos.

Foi o caso de Valéria que, quando me procurou, queixava-se do diagnóstico de depressão que, no meu entendimento, é um efeito de outros problemas. Neste caso, auto estima ruim e poucos sentidos para a vida quando separou-se do marido. Aquela mulher que dedicava quase todo o seu tempo ao ex-companheiro não aprendeu a ter seus próprios entretenimentos, metas e alegrias na vida. Estimar a si mesma, é claro, era muito difícil nestas condições.

Quando o quadro mudou, a vida foi ganhando cor e a alegria nascendo no dia a dia, o foco de seu tratamento mudou:

- Agora quero conhecer minhas vocações de mulher e exercê-las! Disse-me meses atrás.

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