quarta-feira, 3 de abril de 2013

A humanização dos sete pecados capitais - A avareza.

Muitas pessoas não se dão conta de como os valores cristãos conduzem a sociedade (até mesmo em nações não cristãs). Os sete pecados foram criados pela igreja católica na idade média e serviam, no início, como regra de conduta.
Eram colocados em oposição às virtudes, por exemplo, a soberba, que é um vício (ou pecado) é o contrário da virtuosa humildade.
Desde então, começamos a valorizar as virtudes opostas aos pecados e, em conseqüência disso, sentir culpa quando não atingimos plenamente a conduta..
A proposta, com os sete artigos que virão, é discorrer sobre a maneira como os pecados podem se relacionar com problemas psicólogicos. Não se trata de uma visão religiosa mas, humanista.
A primeira provocação, não muito direta pois foi proposta muitos séculos antes do pecado ser inventado, foi feita pelo filósofo Aristóteles. "A virtude está no meio termo", dizia o grego. O que isso quer dizer?
Vejamos como isso se aplica, por exemplo, ao pecado da avareza, que significa apego excessivo às riquezas, mesquinhez, sovinice. Seu oposto é a liberalidade, na qual o indivíduo se desprende e esbanja seus recursos.
Concordemos que ambas condutas são condenáveis. Qual certo, então? O meio termo dizia o filósofo.
Devemos gastar, então metade dos nossos recursos?
Não é bem assim...
"bebida é água e comida é pasto’, como cantava Arnaldo Antunes, ratificando o estoicismo. Mas, Que mal pode existir em comer um bom pernil de cordeiro acompanhado de um Pinot Noir da Borgonha?
O poeta não está se referindo à gula mas à necessidade e à vontade que, obviamente, custará um preço.
Necessita-se de água mas, a vontade é de vinho. O avarento fica na insipidez da primeira enquanto o pródigo liberal sugará a bebida de Bacos. E o sábio?
Será visto, ás vezes bebendo vinho e outras matando a sede com água. Ele avaliará, sempre, se é sede ou vontade e quais suas condições de satisfazer a segunda. Ele não abrirá mão de seus prazeres quando forem cabíveis mas, deles privar-se-á, certamente, quando forem dispensáveis ou inatingíveis.
O avarento dificilmente sentirá culpa por sua mesquinhez, afinal, faz isso com um propósito nobre. O pecado é o exagero!
O pródigo, também acredita estar correto em sua gastança mas, quanto se percebe na escassez, efeito de suas desmedidas, sentir-se-á um tolo por não ter previsto e evitado sua miséria. Caso nada lhe falte, será um pródigo gastão sem culpa nem problemas existenciais.
Gastar mais do que o necessário e menos do que o exagero, ou seja, viver sim, com satisfação das vontades sem delas escravizar-se.
Eis o que penso sobre a justa medida.
Eis o que penso sobre o pecado da avareza!